A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar mais um crime ambiental relacionado com o vazamento no Campo de Frade, explorado pela petroleira americana Chevron a 120 km do litoral norte do Estado. As dependências da empresa Contecom, que foi subcontratada para armazenar a água oleosa (mistura de água salgada e petróleo), foram vistoriadas na noite de ontem por agentes federais. Uma funcionária já prestou depoimento e foi liberada.
Ainda não se sabe quanto petróleo escapou para os cursos d`água que seguem rumo aos rios Sarapuí, Iguaçu e Estrela, já totalmente poluídos. Até a baía de Guanabara, o percurso médio entre a sede da empresa e o ponto em que os rios se encontram com os manguezais da baía é de 5 quilômetros.
Os registros da empresa apreendidos pela PF indicam que nos dias 21 e 22 o galpão recebeu dois carregamentos, que somavam 80 mil litros de água oleosa, enviados em caminhões pela Brasco Logística Offshore, empresa contratada pela Chevron para receber o óleo.
Instalada em Niterói (cidade na região metropolitana), a Brasco remeteu a carga, recebida no atracadouro da Ilha da Conceição, para a Contecom, que faria o tratamento da mistura.
O advogado da Contecom, Bruno Rodrigues, disse hoje que não houve vazamento do óleo armazenado na "piscina" do galpão. Ele negou que a água oleosa tenha escorrido pelos ralos. Segundo Rodrigues, a empresa não separaria água e petróleo. Seria tarefa, segundo ele, de uma outra empresa de Niterói, "parceira da Contecom".
"A Polícia Federal está investigando e quer saber o destino do óleo. Só que se complicou nesta história porque a Contecom não trata o óleo, só armazena e repassa. Então, não houve vazamento, isso não existe. Estão falando muitas coisas com base em achismo. Não há prova pericial neste sentido", afirmou o advogado.
De acordo com os peritos da PF, o óleo vazou por pelo menos um buraco na barreira de contenção da "piscina", que estava visualmente lotada, apesar da capacidade anunciada ser de 90 mil litros. Ao ultrapassar a barreira, a mistura escorreu pelo pátio, em direção aos ralos. Dali atingiu as galerias pluviais e as redes clandestinas de esgotos.
Essas rotas de escoamento deságuam em valas negras que abundam na Baixada Fluminense. O caminho das valas é um só: os rios de maior porte que seguem, repletos de detritos industriais e orgânicos, para os fundos da Baía de Guanabara. Por dia, conforme os cálculos de especialistas, os rios da Baixada levam para a baía cerca de 90 toneladas de lixo.
Deputados que integram a comissão externa criada pela Câmara dos Deputados para averiguar as responsabilidades e causas do vazamento estiveram hoje de manhã na Contecom, para acompanhar a perícia da Polícia Federal.
O coordenador da comissão, Dr. Aluizio (PV-RJ), disse que insistirá em Brasília na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para o qual diz já ter recolhido 20 assinaturas. São necessárias 171 para a instalação da CPI.
Fonte:Yahoo!
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